Resumos


CONFERÊNCIAS


"Cinema e Território"
José Ribeiro (Docente/Investigador da UAb/CEMRI/LabAV)
O cinema preserva a memória e contribui para a construção da identidade dos lugares, ao mesmo tempo que as coloca no espaço global, através deste meio nobre de expressão e cultura. Este facto é hoje objeto de múltiplas atividades sociais, educativas, culturais e artísticas, mas também económicas. Assim, é frequente a organização de percursos pedagógicos ou turísticos, baseados nos filmes realizados na região, em que as mais-valias e potencialidades do território se tornam manifestas e os estudos das relações interculturais, mediadas pelo cinema. Também um pouco por todo o mundo se estudam e divulgam as potencialidades de uma determinada região, suas gentes, recursos e património, com o objetivo de atrair para esta localidade a realização de cinema e audiovisuais. Que ações se podem desenvolver localmente para aproveitar estas mais-valias? Que estudos e produção audiovisual se podem concretizar localmente e acerca do local, com o objetivo de gerar cultura, emprego, receitas, visibilidade e outros benefícios? Como os colocar na rede global de modo a serem facilmente identificadas as potencialidades da região e as infraestruturas e mão-de-obra especializada a integrar na produção cinematográfica? O que fazem os antropólogos e os cineastas neste processo?

"Um Olhar distanciado"
Christine Escallier (Docente/Investigadora/UMa/CCAH/CRIA)
Antropologia e dimensões visuais da cultura: uma interpretação distanciada.

"The Girl Chewing Gum: do documento à ficção"
Carlos Valente (Docente UMa/CCAH)
A realidade, enquanto matéria profílmica, constitui o substrato do cinema, uma ideia que teóricos como Bazin e Kracauer tomaram como bandeira. Por sua vez, o cineasta John Smith, incontornável representante do cinema estrutural, realizou em 1976 a curta-metragem The Girl Chewing Gum, na qual questiona, de modo irónico e lapidar, as dicotomias clássicas de ficção e documentário; espaço e tempo; palavra e imagem. E fá-lo através de um processo autorreflexivo. Em que medida o real, mesmo no mais puramente assumido cinema documental, é transfigurado e «ficcionado» pelo olhar (e voz) do autor? O cinema experimental tentou dar essa resposta.

"As atracções da montagem: das vanguardas ao cinema moderno"
Vítor Magalhães (Docente UMa/CCAH)
Esta conferência pretende fazer uma breve revisão das principais estratégias e teorias da montagem cinematográfica, de D. H. Griffith a J.-L. Godard. Segundo Harun Farocki, a montagem é uma “articulação retórica”, isto é, um artifício que pretende enunciar associações inesperadas, dar novas leituras à realidade existente ou emergir possibilidades crítico-poéticas através da reflexão audio-visual.

WORKSHOPS

"Um Olhar enquadrado"

O workshop inicia-se com uma revisão dos principais elementos da linguagem cinematográfica através do visionamento de excertos de filmes, num contexto de discussão em grupo. A atividade prática consiste na preparação de um pequeno vídeo, inserido na temática do «território», e posterior captação de imagens no exterior, centrada no enquadramento do olhar. Esta atividade é seguida de um exercício de montagem, que visa interligar as imagens captadas com o material audiovisual, previamente disponibilizado pelo formador, com vista a por em prática algumas estratégias de produção de sentido.
1ª parte - Carlos Valente  (Docente UMa/CCAH)
2ª parte - Vítor Magalhães  (Docente UMa/CCAH)
3ª parte - Hugo Olim  (Docente UMa/CCAH)

"Género: corpo e território"

1ª parte - Christine Escallier (Docente/Investigadora/UMa/CCAH/CRIA)
Perceção do espaço e territorialidade: o corpo enquanto instrumento relacional com o mundo e "território" em construção.
2ª parte - Teresa Norton Dias (Investigadora UAb/CEMRI/LabAV)
Entre o nosso 'território corpo' e o corpo, território do outro, procuraremos observar e experienciar limites e fronteiras. Perceber como aconteceu em Pina Bausch 'Lissabon Wuppertal Lisboa', quando dos espaços se transpirou para as emoções vivenciadas, utilizando os corpos como veículos de comunicação.”Masurca fogo!”, sob o olhar atento do cineasta português, Fernando Lopes.
3ª parte - Luísa Antunes Paolinelli (Docente UMa/CCAH/CLEPUL)
                      Carla Baptista de Freitas (Docente da UMa/CCAH/CLEPUL)
A mulher no cinema português dos anos 30/40: saloias, burguesinhas, meninas da rádio e brasileiras. Após a Segunda Grande Guerra, novas correntes estéticas se afirmaram, mais libertas do controle oficial e libertadoras. No entanto, o cinema sofreu um declínio, após um período breve de tímido florescimento, em Portugal e por toda a Europa, entre os anos 30 e 40, quando entraram em voga os filmes musicais. Mas, o peso do Estado Novo, que insistia em temas considerados obsoletos ou de propaganda, aliado a um certo desincentivo em relação à inovação, atingiu o surto do neorrealismo e de outras correntes modernas, o que levou, em muito pouco tempo, à progressiva extinção de um cinema português de qualidade.
A censura à imprensa, instituída em 24 de Junho de 1926, foi-se estendendo aos outros meios de comunicação, tais como o teatro, o cinema, a rádio e a televisão. Deste modo, importa referir que nenhuma imagem ou palavra, podia ser publicada, pronunciada ou emitida/difundida, sem que existisse uma autorização prévia, ou seja, sem a aprovação dos censores.
A mulher era percepcionada em moldes conservadores, como filha, mãe e esposa. As personagens femininas que se cristalizaram no imaginário português das décadas de 30 e 40 fazem parte de um quadro pequeno burguês, em que a mulher dependia da sua relação com a figura masculina e representava os valores mais estáveis da nação. Nela se garantia a perpetuação da pátria como base da família.